Terminou neste sábado, primeiro de novembro de 2008, o evento mais comentado das últimas semanas, a Olimpíada de Algoritmo Hostnet OAH. Com a participação de mais de 70 escolas, a OAH 2008 ganhou uma notoriedade nacional com sua final reunindo as 15 escolas finalistas na Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Latinoware, evento de software livre entre os paises latino-americanos.

Equipes Vencedoras

Pra mim esta olimpíada começou mais cedo. Em junho deste ano Kauê Linden, diretor da Hostnet, me passou a idéia de expandir a olimpíada a um nível nacional, em um cafezinho informal na cozinha da Hostnet, o que apoiei na hora. O segundo passo foi definir o modelo de competição, regulamento, funcionamento, prêmios e etc. Com o primeiro apoio vindo da da Usina de Itaipu um dos maiores problemas que era o aceite da organização da Latinoware em receber a final dentro do seu evento, usando um pouco de sua estrutura, havia sido superado.

O segundo grande apoio veio do professor Gustavo Guanabara, criador de uma das maiores comunidades de tecnologia, o Guanabara.info, voltada a alunos do ensino médio e amantes de tecnologia. Guanabara, como é conhecido na boca pequena, comparecia semanalmente as reuniões e contribuía com divulgação maciça em seu blog e podcast.

Confira o podcast do Guanabara com um resumo do evento.
Episódio 44 – Alta Qualidade [39:25m]: Play Now | Download

Num segundo passo, eu e Daniel Fernandez, partimos para a produção da logomarca e site do evento, em paralelo, Lisane, Pedro e Leandra apresentavam a OAH para as escolas técnicas dos estados e potenciais patrocinadores.

Veio o dia 10 de outubro e a primeira prova foi aplicada em 14 estados para 72 escolas totalizando 216 alunos. 216 mentes que foram escolhidas para representar suas escolas. Eu e meu parceiro de viagens Higor Victorino aplicamos a prova em Porto Alegre para as escolas inscritas do Rio Grande do Sul na sede da agência de Internet parceira W3HAUS.

Aplicação da prova da 1ª fase na sede da W3haus em Porto Alegre

Com a apuração do resultado chegamos as 15 escolas passariam a segunda fase, e independente do resultado final já estariam ganhando o prêmio de viajar para Foz do Iguaçu, conhecer as cataratas e a maior usina do mundo. Com as medalhas prontas, prova lacrada, Wii na mochila e PSP no bolso, embarcamos na caravana OAH, que saiu as 0h do dia 29/10 do centro do Rio de Janeiro levando a organização do evento e algumas equipes do estado, rumo a Foz do Iguaçu.

24h de viagem seria muito cansativo se não fosse pelos games, filmes, Internet e telefonemas. Mas nada disso seria possível se não fosse o fantástico gato de luz que fizemos direto do painel do motorista. E se fez a luz na favela da Portelinha. Com algumas paradas para café da manhã, almoço e lanche, chegamos a posada Querência as 0h do dia 30/10. Dividida as equipes e organização entre Querência e Tulipa um bom banho e uma cama caíram como um presente dos deuses.

Equipes acordadas as 9h do dia 30/10. Café da manhã rápido e saída para a Usina. Se a organização achou que tudo seria fácil, a realidade começava a se mostrar um pouco diferente. Logo na chegada a usina descobri que faltava um formulário de entrada de material, o que foi logo resolvido com a apresentação da nota fiscal aos seguranças. O crachá do Kauê veio com o nome paraguaio Kauê Costa Mendez e o ônibus estava sem credenciamento. Pormenores resolvidos, entramos nas dependências da usina. Ainda na estrada interna tivemos a primeira vista da barragem. Coisa de cinema. Ela foi surgindo vagarosamente por traz das árvores, imponente como uma montanha. Uma cena que dificilmente esquecerei.

Voltando a realidade chegamos ao local de desembarque e a equipe da organização se dividiu em duas partes: Uma liderada pela Lisane cuidava dos alunos e seu bem estar. A outra equipe liderada por mim cuidou da montagem do stand no evento, e a organização da sala exclusiva da OAH. Trabalho feito os alunos tiveram o dia livre para passear pelo evento e assistir as palestras que desejassem. O ponto alto do dia foi a visita do papai noel do software livre Jon “Maddog” Hall, que visitou a nossa sala conversando com os alunos e tirando foto. No inicio da noite, na saída do evento, a para obrigatória foi de frete para a barragem. Um coquetel de boas vindas nos aguardava de frente para a usina com uma orquestra tocando ao vivo. As luzes em sincronia com a música iam acendendo, uma a uma, iluminado a barragem. Era o show de luzes da usina de Itaipu. Sensacional.

No segundo dia, antes de chegar ao local do evento, fizemos um passeio panorâmico pela barragem que havíamos contemplado na noite anterior. Uma rápida parada no mirante para fotos deu noção da real monstruosidade da obra. Uma mega-construção digna das pirâmides. Passado o deslumbramento das equipe e da organização fomos para o almoço e concentração pré prova final. Após rápidos esclarecimentos começou a prova. 3h depois saia a primeira equipe. Eles postavam suas impressões no blog da OAH e eram entrevistados pelo Guanabara. Para relaxar a organização e alguma equipes curtiram a noite no espaço ONO onde a diversão ficou por conta do show do Biquíni Cavadão. 4h da manhã todos estavam de volta aos seus quartos.

Um rápido cochilo foi o que separou o 2° do 3° dia. 8h da manhã todos já estavam no ônibus com destino ao momento mais esperado, talvez até que o resultado da competição: a visita as cataratas do Iguaçu. Após um pequeno atraso e uns 40min de viagem, que eu sinceramente não vi pois estava dormindo, chegamos ao Parque Nacional do Iguaçu. Ao chegar na entrada, você compra um ingresso e tem um guia que leva de ônibus panorâmico ao seu destino. Existem vários tipos de passeios, mas devido ao tempo, um pouco apertado, fomos direto ao ponto G sem preliminares. O deslumbramento foi geral. Nesse momento ninguém mais prestava atenção no guia, todos os olhos e câmeras fotográficas estavam voltados para uma das maiores obras da natureza. Caminhando pela trilha, paramos em vários mirantes com vistas diversificadas dos mais de 2km de queda d’água. Animais silvestres também faziam parte da caminhada. Na passarela fomos banhados pelo forte spray do rio Paraná que cai violentamente criando até um arco-íris permanente. Uma visão inesquecível.

Mas como tudo que é bom dura pouco e alegria de pobre tem prazo de validade o passeio acabou e voltamos às nossas respectivas posadas e nos arrumamos para o último dia de evento mas não sem antes pararmos em uma churrascaria desfrutarmos do último rodízio de carne juntos. No evento aconteceu a palestra dos nossos palestrantes convidados Prof. Gustavo Guanabara e Luli Radfahrer com a presença dos alunos. Por volta das 18h o frio subiu na barriga dos alunos pois começava a cerimônia de premiação com uma rápida palestra do diretor da Hostnet Kauê Linden. Com os finalistas devidamente premiados com medalha de participação os 3 primeiros foram anunciados: 1o lugar Cefet RN, 2o lugar Cefet-MG Timóteo e 3o lugar Cefet-MG Leopoldina. Abraços, festa e lágrimas (inclusive a minha).

Quero fazer um parágrafo dedicado à aluna Enorê Rodrigues (Colégio Nossa Senhora da Piedade – RJ), que fez a prova sozinha porque seus companheiros, por motivos duvidosos mas, que não vem ao caso comentar, desistiram da competição. Parabéns pela coragem Enorê.

Enorê Rodrigues – A guerreira Solitária

Vídeo da Premiação

Dois comentários no blog da OAH resumem um pouco do meu sentimento em relação ao que eu senti nesta viagem:

“..porem, gostaria de destacar, o grande trabalho realizado pela empresa organizadora do evento, a Host Net, a incansável preocupação, a atenção sempre redobrada, as gentilezas o carinho com que fomos recebidos, são nestes momentos, fora de seu habitat de trabalho, que conseguimos entender o que é uma grande equipe. Parabéns a todos, a direção, a equipe, “inclusive os estagiários”. Se tivesse que destacar algo como negativo, certamente foi algo, que talvez pensaram, mas quase impossível de solucionar, “o dia depois”, já na viagem de volta, meus alunos estavam tristes, cabisbaixo, silenciosos, mas não era pelos resultados, por não terem ficado entre os três primeiros colocados, mas pela certeza que no próximo dia não estaríamos mais juntos com vocês. Tenho certeza, absoluta, que hoje, todos os participantes, convivem com um imenso vazio deixado pelo final do evento…”
Prof. Fabrin
ETE 25 de Julho

“..Vocês estão de parabéns pela organização, e eu fiquei realmente surpreso
em ser tão bem tratado. =) ..”
Elomar França

Acho que esses comentários refletem todo o nosso empenho e fazer o melhor para eles. Não em nome da empresa que trabalhamos e que organiza o evento, mas sim, pelo carinho e pela vontade em atingir um objetivo em comum. Acredito que cada um de nós se colocou no lugar destes alunos e professores quando eles tinham alguma duvida, e a forma com que respondíamos foi o diferencial, mesmo quando não sabíamos o que responder. E o que me deixa feliz é que não foi nada planejado ou imposto, foi natural.

Parabéns ao alunos e a equipe de organização (presente e remota).

Segue um video que fiz com os melhores momentos.